Artigos e Notícias

ProAC: se existe, tem que funcionar Respeito é bom pra todos!

É simplesmente lamentável ver como o governo estadual tem ignorado uma conquista dos artistas e produtores, que é a Lei Estadual de Incentivo à Cultura, que faz parte do Programa de Ação Cultural (ProAC), que permite que empresas destinem até 3% do ICMS para um projeto cultural, que foi devidamente aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura, depois de passar por uma severa, e necessária, avaliação técnica.

Já estamos em abril e, até o momento, o governo (Secretaria da Fazenda) não liberou o sistema para que empresas possam fazer a destinação mensal de ICMS. Se existe a lei, tem que funcionar. Tê-la somente no papel pra falar que tem e ser usada em palanque eleitoral é, pra mim, imoral. Muitos dos projetos são planejados por meses, às vezes, até anos, e envolvem muitas pessoas.

Apesar desse descaso, os projetos não param, a ARTE não para, GRAÇAS ao amor, à paixão, à dedicação e ao comprometimento dos artistas e produtores com o fazer cultural, especialmente com o público, que deseja e necessita da ARTE.

Um exemplo é o espetáculo Via Crucis (21ª Edição), que aconteceu na Semana Santa, em Santa Bárbara d’Oeste (SP). Mais de 200 pessoas envolvidas, entre elenco e produção, para apresentar um belíssimo espetáculo - cabe destacar a direção cênica do jovem e talentoso Otávio Delaneza - para mais de 25 mil pessoas. Só não teve público recorde, pois a chuva ocasionou o cancelamento de uma apresentação, mas o público estava lá.

Este ano, depois de 20 anos, os espetáculos aconteceram em novo local para acomodar melhor o público e, felizmente, mais uma vez, casa cheia, TODOS OS SEIS DIAS. Arquibancada, que comporta 5 mil pessoas, lotada e mais pessoas querendo entrar! É essa força popular que motiva o grupo a crescer e a melhorar a cada edição.

Mesmo sem recurso, mas com muito RESPEITO AO PÚBLICO, o ESPETÁCULO aconteceu, e surpreendeu. Aplausos merecidos ao elenco, que desde janeiro estava ensaiando de segunda, quarta, sexta e domingo. São pessoas da comunidade, que dedicaram parte do seu tempo para produzir arte. Aplausos para a direção e a coordenação, que trabalham o ano inteiro, pensam, criam, planejam. Aplausos para os prestadores de serviço e fornecedores, que souberam entender o momento ocasionado pela ausência do recurso e não abandonaram o barco, ou melhor, o projeto.

Além da formação de público, o projeto Via Crucis forma profissionais e gera emprego e renda. O ministro da Cultura, Sérgio de Sá Leitão, tem batido na tecla, insistentemente, daquilo que já é sabido, que cultura gera desenvolvimento. Em uma de suas falas, ele divulgou o estudo publicado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que mostra que as atividades criativas e culturais respondem por 2,64% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, colocando-se entre os dez maiores setores econômicos do país, superando indústrias tradicionais. O setor envolve 200 mil empresas e instituições e gera cerca de um milhão de empregos diretos.

E tem mais, e o mais importante, A ARTE HUMANIZA. Tem uma frase, que li uma vez num boletim publicado pela Cia Teatral Aos Quatro Ventos, que é muito significativa: “Num lugar onde não há atividades culturais, a violência vira espetáculo”.

Pois é, o descaso pode sim ocasionar outro tipo de espetáculo...

Joomla 3.0 Templates - by Joomlage.com